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Coamo Agroindustrial Cooperativa | Edição 425 | Maio de 2013 | Campo Mourão - Paraná

Gerenciamento Rural

No caminho certo com o na “Ponta do Lápis”


A utilização do gerenciamento nos negócios dentro do ambiente produtivo rural é um fator determinante para o sucesso dos produtores rurais nas atividades. O processo de gestão possibilita conhecer, avaliar e acompanhar os negócios, oferecendo subsídios para a tomada de decisões visando impulsionar novos resultados. A gestão pode levar em consideração não só a visão da propriedade, mas também da economia doméstica, no âmbito familiar. Nesta edição, o Jornal Coamo apresenta boas experiências de cooperados que vem utilizando o Programa Coamo de Aperfeiçoamento em Gerenciamento Rural, o conhecido programa Na Ponta do Lápis.

Para o casal Daniel e Valdirene Veber, da Fazenda Burity, na região de Boa Ventura de São Roque (Centro do Paraná), os últimos sete anos foram importantes para mudança de conceito e resultados na administração da propriedade. Eles estão encerrando o 7º caderno do Programa Na Ponta do Lápis. “Tão logo ficamos sabendo do programa não tivemos dúvida e começamos a participar”, conta o cooperado Daniel. Passados alguns anos, ele está satisfeito com os resultados obtidos no gerenciamento da propriedade de 45 alqueires, dos quais 18 com lavoura e quatro com pastagem.

Daniel ressalta que para manter o programa em dia tem o apoio da esposa Valdirene, que é a responsável por receber e guardar as notas, os documentos e preencher a cartilha. “É preciso ter uma visão abrangente do que se está fazendo e muita disciplina, caso contrário, o programa não anda, não avança. No momento em que se começa pode ser difícil, mas com a prática e a rotina no dia e dia tudo fica mais fácil. Mas uma coisa é certa, tem que ter o hábito”.

MUDANÇA - Para o cooperado, um dos benefícios adquiridos com a prática do ´Na Ponta do Lápis´ é ter noção dos custos na propriedade. “Quando termina um ano a gente vê os custos, analisa e já está com o foco na safra do próximo ano. O importante é que o nosso pensamento está em melhorar os resultados da nossa empresa.”

Segundo ele, o custo direto de produção tem se mantido estável, mas o desafio é aumentar a produção e reduzir os custos de uma forma geral, tanto os de casa como os da lavoura. “Nos meus 12,5 alqueires de soja o custo de produção tem ficado em torno de 42 sacas por alqueire e no total, incluindo outras despesas, 60 sacas por alqueire.”

COMO FAZER? - A esposa Valdirene que conta com a colaboração dos filhos explica: “A gente lança todas as despesas primeiro no caderninho, item por item, e por segmento – despesas de casa, da propriedade e da lavoura -, depois eu faço o lançamento na cartilha que tem o Raio X do nosso negócio. Eu anoto tudo, levo anotado todos os gastos. Penso que a mulher é muito importante, pois geralmente gosta de controlar as despesas e ver aonde está indo o dinheiro”, informa.

Segundo a esposa do “seo” Daniel, com as anotações tudo fica mais fácil, mas se a pessoa perder a disciplina, perde tudo e pode não concluir o programa. Ela destaca que as despesas invisíveis têm aumentado bastante e se a família souber quais são e como estão sendo seus gastos pode melhorar os investimentos. “Quando sabemos onde e porque gastar temos um conhecimento geral. Com os filhos crescendo é normal que as despesas aumentem devido as necessidades que também são maiores.”

Quando recebeu a reportagem do Jornal Coamo, dona Valdirene estava prestes a concluir o 7º caderno (cartilha) com o indicativo de que os números do ano agrícola (encerrado em maio) serão bem melhores que os do ano anterior. “Percebo que estamos melhor a cada ano, e essa ferramenta é muito útil para planejar o nosso negócio, seja para comprar insumos ou investir na propriedade. Precisamos planejar a vida, do contrário, os resultados não ficarão visíveis e nem o futuro. O segredo é a disciplina e fazer todo dia, fazer certo”, considera.

CULTURA - Para o engenheiro agrônomo Delvanei de Souza Droppa, chefe do departamento Técnico da Coamo em Boa Ventura de São Roque, a dedicação e a prática do ´Na Ponta do Lápis´ pelos Veber impressiona e serve de exemplo. “O programa já faz parte da cultura da família que tem continuidade e perseverança. A agricultura é uma empresa a céu aberto e com uma visão ampliada a família faz o ´Na Ponta do Lápis´ com regularidade. Com isso, tem a exatidão dos negócios e valoriza o programa como forma de conhecimento para o crescimento na atividade.”

Auxílio na tomada de decisões

Associado da Coamo desde 1992, em Mangueirinha (Sudoeste do Paraná), Lauro Antonio Vesaro dos Santos é adepto desde 2008 do programa `Na Ponta do Lápis´ da Coamo. “Tudo começou quando soube do programa e senti a necessidade de fazer um trabalho que me mostrasse quais eram os meus custos e quanto custava o meu negócio. Desde então, passei a fazer e levo muito a sério a prática desta importante ferramenta de gerenciamento rural”, conta, acrescentando que “alimentando os dados no computador fico sabendo dos meus custos com a minha lavoura, a propriedade e os da minha casa.”

A sequência do programa é importante a medida em que o usuário pode fazer comparações dos seus negócios, seja com relação aos investimentos, resultados e principalmente dos custos. “Isso você não consegue na primeira safra, cada ano é diferente, mas com os dados registrados fica mais fácil ver, analisar, pensar e comparar o negócio como um todo levando em consideração as variáveis de custos e também dos preços de venda dos produtos.

O que mudou? Para o cooperado a resposta sobre o que mudou nesses anos todos com a adoção do ´Na Ponta do Lápis’ é que hoje ele tem mais segurança. “Tenho mais segurança para fazer o planejamento das minhas safras, ver o meu negócio como um todo para planejar melhor a compra dos insumos e a comercialização da safra.” Segundo Lauro Santos, outro aspecto relevante é o fato de que com as anotações nas planilhas ele tem o conhecimento real dos valores investidos na manutenção do maquinário e dos equipamentos, e dos gastos com as despesas de casa, as famosas “despesas invisíveis”. “Você vê essas despesas mas não enxerga, então, se você dá uma parada regular e analisa a situação pode verificar quais são elas e quanto isso representa.”

MERCADO – Com praticamente tudo pronto e o Plano Verão da Coamo efetuado para implantar a próxima safra de verão, o cooperado aponta que o gerenciamento agrícola e pecuário é determinante para o sucesso da atividade. “Para fazer valer o ´Na Ponta do Lápis´ é preciso ter vontade e levar a sério, mas uma coisa eu garanto: é uma excelente ferramenta para nos apoiar na condução e sustentabilidade dos negócios.”

PRODUÇÃO - O cooperado nasceu na região de Mangueirinha e tem vários familiares cooperados. Cultiva um total de 125 alqueires, dos quais 100 alqueires no verão com soja e milho, e no inverno semeia trigo e, também, investe na integração lavoura-pecuária. “Com clima favorável e uso de tecnologias, estamos fazendo o nosso trabalho e aumentando as produtividades, que na safra passada teve média de 500 sacas por alqueire no milho e 160 sacas de alqueire na soja. “O nosso desafio é avançar, melhorar sempre, pois sempre temos o que melhorar dentro e fora da porteira.”

BALANÇO – Com regularidade, Lauro preenche sua cartilha eletrônica e fica por dentro dos seus negócios. “O agricultor precisa saber os custos, pois quando os preços de venda estão altos eles diminuem, e se os preços na comercialização caem os custos aumentam”, explica. Ele aponta que as sobras distribuídas pela Coamo ajudam na rentabilidade no seu negócio e, por consequencia, na redução dos custos de produção. “Com o ´Na Ponta do Lápis´aprendi a valorizar mais o benefício das Sobras que a gente tem na Coamo.”

Fazendo pela primeira vez


Na comunidade Bugre Alto, localizada em Coronel Vivida (Sudoeste do Paraná), a cooperada Daiane Pilger, filha e sobrinha de cooperativistas está vivenciando a primeira experiência com o programa Na Ponta do Lápis, idealizado pela Coamo.

Ela conta de onde veio a motivação para implantar o programa e o que espera dele na administração da propriedade de mais de 50 alqueires, onde cultiva anualmente com o pai Hildo e o tio Guido Pilger, lavouras de soja, milho, trigo e feijão. “O que mais me incentivou a entrar no ´Na Ponta do Lápis´ foi o fato de eu ter me formado engenheira agrônoma, casado e vir ajudar meu pai e tio na condução das lavouras aqui no Bugre Alto. Com o programa a gente vê como estamos conseguindo as receitas e para onde vão as despesas.”

Segundo a cooperada, o início no programa foi há alguns meses e com a apostila, na versão impressa. Depois, ela recebeu um CD do departamento Técnico de Coronel Vivida e instalou no computador a versão com as planilhas eletrônicas. “Quando passei para o Excel ficou mais fácil, pois me familiarizei com ele, mas não deixei de fazer as minhas anotações no caderno antes de lançar na planilha”, relata.

INVISÍVEIS – “Outro aspecto importante do Na Ponta do Lápis que a Coamo disponiliza para os cooperados é com relação as despesas invisíveis. “Elas são fatais, pois na verdade, muita gente só considera os custos que enxerga como os insumos, sementes, adubos, fertilizantes, mas não percebe que dentro da sua própria casa e propriedade podem estar alguns custos que não são tão fáceis de visualizar, e para onde está indo o dinheiro investido”, informa Daiane Pilger, entusiasta com esta ferramenta de gerenciamento rural.

Outra vantagem apontada pela produtora é com relação ao conhecimento através das anotações do que está movimentando seja na lavoura ou até mesmo com os maquinários e implementos, combustíveis, peças, despesas e benfeitorias na propriedade. “Não podemos ver o nosso negócio de maneira simples, mas sim como uma empresa, por isso o jeito é guardar as notas e despesas, anotar e acompanhar, com a certeza de que o gerenciamento é a atitude e o processo que pode fazer a diferença e o nosso sucesso na atividade”, afirma Pilger. Ela pretende dar um novo impulso e melhorar as práticas de administração da família Pilger, que chegou em 1976 na região de Coronel Vivida.

Versões impressa e eletrônica

O Programa Na Ponta do Lápis é disponibilizado nas versões “impressa” e “eletrônica”. Com o preenchimento de cadernos e/ou planilhas, os usuários fazem lançamentos dos custos de produção com insumos, operações e outros, bem como também dos valores gastos com as “despesas invisíveis” no âmbito familiar e na empresa/propriedade. Após a inserção dos dados, ao final do ano agrícola, os usuários contabilizam os resultados gerais das atividades na sua empresa rural, obtendo um Raio X do seu negócio.