Enquanto o cooperado Marcio José Boselo, de Roncador (Centro-Oeste do Paraná), implanta a safra de inverno o pensamento vai além, e chega até a de verão. É que ele aproveita o momento para investir em adubação. Trabalho que reflete diretamente nas lavouras subsequentes, soja e milho. A tecnologia utilizada pelo cooperado está elevando o nível de fertilização na cultura de inverno, conseguindo boa produtividade tanto nesta cultura como na de verão.
No total estão sendo cultivados 270 alqueires de trigo. “O plantio de verão começa justamente no inverno. A região [de Roncador] é mais fria e a cultura que melhor se adapta é o trigo, então apostamos pesado nessa lavoura”, assinala. De acordo com ele, 70% de toda a adubação é realizada neste momento. “Outros 30% efetuamos durante a implantação da safra de verão. Agora no inverno conseguimos uma adubação com espaçamento menor, mais bem dividida e equilibrada. Dessa forma, em ano de clima normal, produzimos muito bem trigo”, diz Boselo. O plantio na propriedade iniciou em maio e deve seguir até o começo de junho. Boselo explica que a semeadura é realizada de maneira escalonada para tentar escapar de possíveis geadas.
O cooperado conseguiu no ano passado colher 120 sacas de trigo e na mais recente safra de verão alcançou uma média de 153 sacas de soja por alqueires. “Isso é graças ao bom manejo que estamos realizando na propriedade”, frisa. Outra ferramenta que o cooperado não dispensa é a rotação de culturas. “Sempre deixamos espaço para o milho de verão. A rotação também é atrativa”, assinala.
Boselo ressalta a safra atual e as dos próximos anos foram planejadas já há algum tempo. Na visão dele um bom planejamento é fundamental para o sucesso na atividade. “Talvez não fazemos como deveria, mas procuramos que seja da melhor forma possível. Enquanto colhemos a soja já sabemos a área de trigo e no momento da colheita da safra de inverno está tudo sendo preparado para o verão.”
O engenheiro agrônomo, Rodrigo Luis Spessotto, do Departamento Técnico da Coamo em Roncador, diz que o sistema adotado pelo cooperado faz com que a lavoura de inverno extraia nutrientes suficientes para um bom desenvolvimento no inverno e que ainda sobre bastante para as plantas de verão. É realizada uma análise da adubação necessária para as duas safras. Diante disso 70% da adubação é realizada no inverno e o restante no verão. A questão, segundo o agrônomo, de intensificar mais no inverno é porque o espaçamento entre as plantas é mais estreito e com isso há um equilíbrio e correção do solo o que, consequentemente, proporciona rendimento maior da soja. “O solo da propriedade fica como um restaurante “self service”. O nutriente está na terra e a planta busca o que precisa, pois o local está com uma quantidade necessária.”
Na região de Roncador, a área de trigo deve aumentar em torno de 30%. De acordo com o agrônomo, os preços praticados nos últimos meses estimularam os cooperados. “O trigo é importante para o sistema produtivo e também está sendo um opção rentável. Vamos torcer para que os preços continuem e também o clima ajude na produção”, diz Spessotto.
No meio dos 62 alqueires plantados com a segunda safra de milho é que o cooperado Arlindo César Peres, de Altamira do Paraná (Centro-Oeste do Paraná), recebe a reportagem do Jornal Coamo para um bate-papo sobre o desenvolvimento das plantas e a respeito das atividades desenvolvidas na propriedade. Peluda, como é conhecido o cooperado, se alegra ao mostrar as espigas de milho em pleno desenvolvimento e ao falar do fato de que a produção poderá ser dentro das expectativas.
A agricultura é uma atividade relativamente nova na vida do cooperado. Até 2006, a principal atividade era a pecuária de corte que ocupava maior parte dos 235 alqueires da família. Do total, 40 alqueires eram reservados para a agricultura. Aos poucos as lavouras foram ganhando espaço e atualmente está inserida em 108 alqueires.
As áreas de planta foram aumentando e também foram recebendo investimentos pesados. Prova disso são as médias alcançadas nas últimas safras. “Venho tendo bons resultados nos últimos anos. Neste ano colhemos uma média de 140 sacas de soja por alqueire. Foi a melhor safra dos últimos anos. Em anos anteriores sempre fechamos em 130 e 135 sacas de média, o que também é muito bom.”
Sempre adepto ao uso de tecnologias o cooperado conta que segue a risca as recomendações do Departamento Técnico da Coamo. “Se quiser bons resultados é preciso utilizar tecnologia. Estou contente com a assistência prestada pela Coamo. Sempre fui bem assessorado pelos agrônomos da cooperativa. É um trabalho de parceria. O sucesso que venho alcançando tem muito dessa parceria, sempre seguindo as recomendações para melhorar a produção e os resultados”, destaca ‘seo’ Arlindo.
Desde 1995 à frente dos negócios da família, o cooperado observa que a evolução foi grande. Ele entende que a pecuária é importante, pois serve como diversificação de atividade. “A criação de animais tem resultados mais lentos, mas proporciona segurança. Caso haja alguma adversidade com a agricultura temos onde nos agarrar. A pecuária dá segurança enquanto que a agricultura corresponde a um resultado mais rápido.”
Assim como na agricultura, na pecuária as recomendações técnicas também são seguidas. “Todo o trabalho é realizado em parceria com a Coamo. Tudo o que vamos fazer procuramos o veterinário da Coamo e implantamos juntos”, ressalta ‘seo’ Arlindo. Na área destinada a pecuária são criados em torno de 580 animais.
O engenheiro agrônomo, Diogo Alves, encarregado do Departamento Técnico (Detec) da Coamo em Altamira do Paraná, revela que a área de plantio no município é relativamente pequena, quando comparado a outros municípios, devido a área ser bastante acidentada. Contudo, a agricultura realizada no município é com bastante tecnologia. “Nossos cooperados têm aderindo ao uso de tecnologia e, além de aderirem, eles têm aplicado da forma correta. Não adianta querer usar se não utilizar da forma correta. Saber o momento exato e a quantidade certa para a aplicação dos insumos”, pondera.
De acordo com o agrônomo, ‘seo’ Arlindo é um bom exemplo de agricultor tecnificado em Altamira do Paraná. “Ele sempre busca novidades e as aplica de maneira correta. Isso tem feito com que atinja médias melhores”, frisa. Alves cita que as produtividades citadas pelo cooperado são médias alcançadas mesmo em anos de adversidades climáticas, em que vizinhos colheram entre 70 e 80 sacas.
Em Altamira do Paraná, estão sendo cultivados em torno de quatro mil hectares de milho segunda safra. Segundo o agrônomo, a maior parte está boa. “Tivemos problemas com o clima no mês de fevereiro e meados de março ficando 19 dias consecutivos sem chuva que acabou atrapalhando um pouco. Porém, as lavouras plantadas na data correta com certeza está com potencial grande.”
A previsão é de que a colheita da segunda safra de milho comece na segunda quinzena de junho e as médias devem fechar entre 210 até 250 sacas por alqueires. “Temos também talhões que podem chegar até 300 sacas por alqueire.”